Sinfonias Gráficas | Exposição de Vera Souto

vera souto

SINFONIAS GRÁFICAS
exposição de VERA SOUTO

A arte  de Vera Souto consiste em olhar e gesto.

Olhar – no caso de Vera – impregnado pela curiosidade do novo e pela experiência da versatilidade, peregrina que ela é nos caminhos múltiplos da pintura, da moda, da decoração, da colorida transformação de objetos banais em peças de beleza.

Olhar irrequieto que se exprime em gestos largos, amplos, expansivos, de vibração corporal, “uma dança poética”, diz ela – golpes desferidos no papel em desarmonia às vezes caótica, mas, que, ao final, resultam numa composição de paradoxal placidez, como a da tradicional caligrafia oriental e daquelas gravuras japonesas que parecem penduradas no ar.

Arte que poderia talvez se dissipar com o desfrute acelerado e ritmado do momento da própria criação, mas que permanece, perdura, na exaltação da paixão gritada em preto e preto – e apenas uma vez, excepcionalmente, testada no desafio da cor.

A vibe de Vera requer, portanto, espaço, um espaço compulsivo, daí os rolos de papel de 10 metros aptos a recepcionarem os movimentos pictórios do carvão, do nanquim, dos pincéis, das escovas, num descortínio de horizonte.  A única tira vertical é como uma comichão na memória, palavras e frases que a artista relê, com emoção pessoal, em Fernando Pessoa e Guimarães Rosa.

A paisagem urbana dos grafitti, expressão democrática e generosa de um compartilhamento coletivo, inspirou a Vera Souto a ideia de oferecer sua obra aos pedaços. Desde o início, foi concebido assim: escolhe-se um recorte, enrola-se no tubo, leva-se para casa, sem a pretensão acadêmica da moldura ou do suporte.

O papel na parede está vivo, pulsa suavemente à espera do momento em que, ao fazer sua escolha, o espectador interaja com a obra.  Os buracos que vão se abrindo em meio às longas tiras narram as progressões de um processo do qual a criadora já não tem nenhum controle.

“Comecei este trabalho em dezembro de 2013, depois parei, deixei repousar. É mais arte visual do que artes plásticas”, conta Vera Souto.

O Espaço Aldeia, que se abre para Vera Souto por três dias, entre a quinta-feira, 2 de junho, e o sábado, 4, costuma recepcionar o ímpeto da experimentação e a excitação do alternativo. Não é uma galeria convencional. Faz todo sentido: Vera Souto também não é uma artista convencional.

(Nirlando Beirão)

 

ABERTURA
2 de junho de 2016
19 horas

VISITAÇÃO
Dia 3 e 4 de junho
10 horas às 18 horas

LOCAL: ALDEIA
Rua Lisboa, 445. Pinheiros
Valet no local

 

 

 

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